quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Vigiar Punir - Michel Foucault


FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. O nascimento da prisão. Tradução Raquel Ramalhete. 32. ed.

Prezados alunos ao 2° ano do ensino médio, este texto é um resumo da obra foucaultiana Vigiar e punir, na sequência há alguns exercícios para a prática. Boa leitura.

Avaliação no dia 22/09/12
 






FOUCAULT, Michel.
Vigiar e punir. O nascimento da prisão. Tradução Raquel Ramalhete. 32. ed.

Petrópolis: Vozes, 1987.

HAROLDO REIMER

A obra

Vigiar e Punir de Michel Foucault brinda o leitor com uma análise histórico-filosófica

profunda sobre a estruturação organizativa do Ocidente nos últimos séculos. Essa análise é feita

tomando como foco o sistema punitivo-legal ao longo dos séculos. Com isso, o autor quer

demonstrar como na história recente se chega ao sistema do panoptismo como forma de

vigilância e controle sobre os corpos não só da população carcerária, mas também das brigadas

operárias nas fábricas e dos intermináveis contingentes nas escolas. Segundo o autor, a história

do Ocidente é uma história que pode ser reconstruída sob a ótica do binômio ‘vigiar e punir’.

Trata-se de uma temática que poderia ser demonstrada em qualquer âmbito do cotidiano

histórico, mas nesta obra está mais diretamente relacionada com a dimensão judiciária. O

próprio autor explicita o objetivo de seu livro: “uma história correlativa da alma moderna e de

um novo poder de julgar; uma genealogia do atual complexo científico-judiciário onde o poder de

punir se apóia, recebe suas justificações e suas regras, estende seus efeitos e mascara sua

exorbitante singularidade” (p.23).

O autor divide o seu livro em quatro partes principais. Em cada uma das partes, aborda

momentos históricos distintos, procurando detectar as formas próprias de punição e vigilância

em cada uma das épocas. É evidente que o binômio ‘vigiar e punir’ foi diferentemente

trabalhado em um destes momentos.

Na primeira parte, o autor trata do ‘suplício’. Aqui sua intenção é mostrar como desde a

Antiguidade, passando pela Idade Média e parte da Modernidade, o castigo do corpo do

transgressor era a forma evidente e pública da punição. Essa parte está dividida em dois

capítulos.

No primeiro capítulo, intitulado “O corpo dos condenados” (p. 9-29), Foucault busca mostrar

como o direito e a prática de punir descarrega no corpo dos condenados a sua fúria e vingança

social. Porém, não se trata somente do corpo, mas também da alma da pessoa condenada. A

‘alma’ é a interioridade da pessoa, é o centro nevrálgico que precisa ser atingido para que o

sistema punitivo e de vigilância tenha plena eficácia. “Esta alma real e incorpórea não é

absolutamente substância; é o elemento onde se articulam os efeitos de certo tipo de poder e a

referência de um saber, engrenagem pela qual as relações de um poder dão lugar a um saber

possível, e o saber reconduz e reforça os efeitos do poder” (p. 28).

No segundo capítulo, “A ostentação dos suplícios” (p. 30-56), o autor procura mostrar como

desde a Antiguidade o recurso direto ao corpo na forma de suplícios públicos é uma forma de

demonstração de poder. Com o suplício das mas variadas formas de torturas físicas, busca-se a

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verdade do crime e ostentar publicamente a punição. “A tortura judiciária, no século XVIII,

funciona nessa estranha economia em que o ritual que produz a verdade caminha a par com o

ritual que impõe a punição” (p. 38). E mais: “o suplício judiciário deve ser compreendido

também como um ritual político. Faz parte, mesmo num modo menor, das cerimônias pelas

quais se manifesta o poder” (p. 41). “O suplício tem então uma função jurídico-política. É um

cerimonial para reconstituir a soberania lesada por um instante” (p. 42). “O suplício se inseriu

tão fortemente na prática judicial, porque é revelador da verdade e agente do poder. Ele

promove a articulação do escrito com o oral, do secreto com o público, do processo de inquérito

com a operação de confissão; permite que o crime seja reproduzido e voltado contra o corpo

visível do criminoso; faz com que o crime, no mesmo horror, se manifeste e se anule. Faz

também do corpo do condenado o local de aplicação da vindita soberana, o ponto sobre o qual

se manifesta o poder, a ocasião de afirmar a dissimetria das forças” (p. 47). Ao final do capítulo,

contudo, o autor indica criticamente que em não raros momentos da história, a histórias

trágicas dos grandes criminosos tornaram-se objeto de admiração, o que ensejava

necessariamente uma alteração na forma da punição.

Na segunda parte, “Punição” (p. 63-198), o autor trata de mostrar com a partir do século XVIII

se dá uma virada para uma punição generalizada.

Isso é objeto do primeiro dos capítulos desta parte, que trata justamente da “punição

generalizada” (p. 63- 86). O objetivo maior desta mudança está dado com o espírito iluminista e

ilustrado presente a partir do século XVII, o qual impunha a máxima de que “é preciso que

justiça criminal puna em vez de se vingar” (p. 63). “Mas, nessa época da Luzes, não é como

tema de um saber positivo que o homem é posto como objeção contra a barbárie dos suplícios,

mas como limite de direito, como fronteira legítima do poder de punir” (p. 64). A partir daquele

momento não se tratava mais de ostentar toda a possível vingança do poder absoluto do

soberano sobre o corpo do condenado, mas a punição deveria ser alcançada “à custa de

múltiplas intervenções” (p. 64). A mudança na base econômica, com a estabilização da

burguesia, certo bem-estar social mais amplamente distribuído leva a uma nova postura em

relação à arte e à política de punir. Isso levou a uma reforma do sistema. “A reforma do direito

criminal deve ser lida como uma estratégia para o remanejamento do poder de punir, de acordo

com modalidade que o tornam mais regular, mais eficaz, mais constante e mais bem detalhado

em seus efeitos; enfim, que aumentem os efeitos diminuindo o custo econômico (ou seja,

dissociando-o do sistema da propriedade, das compras e vendas, da venalidade tantos dos

ofícios quanto das próprias decisões) e seu custo político (dissociando-o do arbítrio do poder

monárquico” (p. 69). Houve, assim, um gradual deslocamento da punição “da vingança do

soberano à defesa da sociedade” (p. 76).

Isso o autor trata de demonstrar no capítulo II da segunda parte, quando trata da “mitigação

das penas” (p. 87-109). Ele vai mostrando como, ao longo do século XVIII, há várias

modalidades punitivas e chega, ao final capítulo a dizer que no final deste século nos

encontramos diante de três maneiras de organizar o poder de punir. “A primeira é a que ainda

estava funcionando e se apoiava no velho direito monárquico. As outras se referem, ambas, a

uma concepção preventiva, utilitária, corretiva de um direito de punir que pertenceria à

sociedade inteira; mas são muito diferentes entre si, ao nível dos dispositivos que esboçam.

Esquematizando muito, poderíamos dizer que, no direito monárquico, a punição é um

cerimonial de soberania; ela utiliza as marcas rituais da vingança que aplica sobre o corpo do

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condenado; e estende sob os olhos dos expectadores um efeito de terror ainda mais intenso por

se descontínuo, irregular e sempre acima de suas próprias leis, a presença física do soberano e

de seu poder. No projeto dos juristas reformadores, a punição é um processo para requalificar

os indivíduos como sujeitos de direito; utiliza, não marcas, mas sinais, conjuntos codificados de

representações, cuja circulação deve ser realizada o mais rapidamente possível pela cena do

castigo, e aceitação deve ser a mais universal possível. Enfim no projeto de instituição carcerária

que se elabora, a punição é uma técnica de coerção dos indivíduos; ela utiliza processos de

treinamento do corpo – não sinais – com os traços que deixa, sob a forma de hábitos, no

comportamento” (p. 107-8).

A terceira parte do livro intitulada de “Disciplina” (p. 117-187) constitui por assim dizer o

coração da demonstração do novo sistema punitivo engendrado a partir do século XVIII. Essa

parte está dividida em três capítulos, que tratam de descrever as facetas ‘modernas’ da criação

da disciplina como forma de inscrever na representação o ideário de ‘vigiar e punir’.

No capítulo I (p. 117-142), o autor trata de descrever as ‘modernas’ formas e tecnologias para

criar “corpos dóceis”. Uma das premissas para isso é a “arte das distribuições”, isto é,

distribuições de espaço e de corpos no espaço. Deve haver uma tendência a criar a disciplina a

partir da arte de distribuição. Um segundo ponto é o controle da atividade dos corpos

distribuídos no espaço. A organização das gêneses e a composição das forças também fazem

parte deste ideário de controle social.

No capítulo II, o autor trata dos “recursos para o bom adestramento” (p. 143-162). Pressuposto

inicial para o ‘bom adestramento’ é a ‘vigilância hierárquica”. Isso o autor demonstra no

exemplo de escolas e também de fábricas, com a distribuição de micro-poderes de vigilância

autorizados por uma autoridade hierárquica superior. Toda a lógica militar reside sobre esse

princípio. A “sanção “normalizadora”, que deve ser genérica, bem como o “exame” são outras

formas para se logra um bom adestramento dos corpos. “O exame combina as técnica da

hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza” (p. 154). “A escola torna-se uma espécie de

aparelho de exame ininterrupto que acompanha em todo o seu comprimento a operação do

ensino” (p. 155). Na vigilância e na normalização, opera-se uma ‘individualização’. Não é,

porém, uma individualização ‘ascendente’, que projeta a pessoa para o cenário principal. “Num

regime disciplina, a individualização, ao contrário, é “descendente” à medida que o poder se

torna mais anônimo e mais funcional, aqueles sobre os quais se exerce tendem a ser mais

fortemente individualizados; e por fiscalizações mais que por cerimônias, por observações mais

que por relatos comemorativos, por medidas comparativas que têm a “norma” como referência,

e não por genealogias que dão os ancestrais como pontos de referência; mais por “desvios” que

por proezas” (p. 160-1).

No último capítulo desta parte, o autor trata do ‘panoptismo’, que é uma forma de vigilância

(quase) total que permite o olhar sobre os menores movimentos e sobre os mínimos detalhes de

um caso ou de um condenado. O que se objetiva é o “indivíduo disciplinar”. “O ponto extremo da

justiça penal no Antigo Regime era o retalhamento infinito do corpo do regicida: manifestação do

poder mais forte sobre o corpo do maior criminoso, cuja destruição total faz brilhar o crime em

sua verdade. O ponto ideal da penalidade hoje seria a disciplina infinita: um interrogatório sem

termo, um inquérito que se prolongasse sem limite numa observação minuciosa e cada vez mais

analítica, um julgamento que seja ao mesmo tempo a constituição de um processo nunca

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encerrado, o amolecimento calculado de uma pena ligada à curiosidade implacável de um

exame, uma procedimento que seja ao mesmo tempo a medida permanente de um desvio em

relação a uma norma inacessível e o movimento assintótico que obriga a encontrá-la no infinito”

(p. 187).

Com base nestes trabalhos de exame de evidências históricas e de exaustiva atividade de

reflexão analítica, Foucault chega à quarta parte a tratar da “Prisão” (p. 195-254). A parte está

dividida em três capítulos. No primeiro capítulo, trata-se das prisões como “instituições

completas e austeras”. No segundo, sobre “ilegalidade e delinqüência” e, por fim, está em

evidência o indivíduo dentro da instituição carcerária.

Um ponto de destaque nesta parte está colocado logo no início, quando o autor afirma: “A prisão

é menos recente do que se diz quando se faz datar seu nascimento dos novos códigos. A formaprisão

preexiste à sua utilização sistemática nas leis penais. Ela se constituiu fora do aparelho

judiciário, quando se elaboraram, por todo o corpo social, os processos para repartir os

indivíduos, fixá-los e distribuí-los espacialmente, classificá-los, tirar deles o máximo de tempo, e

o máximo de forças, treinar seus corpos, codificar seu comportamento contínuo, mantê-los

numa visibilidade sem lacuna, formar em torno deles um aparelho completo de observação,

registro e notações, constituir sobre eles um saber que se acumula e se centraliza. A forma

geral de uma aparelhagem para tornar os indivíduos dóceis e úteis, através de um trabalho

preciso sobre seu corpo, criou a instituição-prisão, antes que a lei a definisse como a pena por

excelência” (p. 195).

No segundo capítulo, o autor trata do tema da ilegalidade e da delinqüência e, após várias

análises e reflexões, chega à conclusão que o sistema punitivo privativo de liberdade não atende

aos anseios de prevenção e ressocialização. O próprio estabelecimento punitivo tende a ser um

micro-espaço de reprodução de ilegalidade e delinqüência, no qual o corpo policial tem uma

contribuição significativa. A prisão permanece sendo um modo eficaz de punição. Mas, o autor

também chega à conclusão de que sem estas instituições a sociedade não saberia o que fazer

com os indivíduos criminosos, cujo tratamento seria quase impossível fora de tais

estabelecimentos. Mas não se trata de uma instituição isolada do corpo social; está “ligada a

toda uma série de outros dispositivos “carcerários”, aparentemente bem diversos – pois se

destinam a aliviar, a curar, a socorrer –, mas que tendem todos como ela a exercer um poder de

normalização”.

O autor fecha o seu livro com a afirmação de que na genealogia do sistema prisional

contemporâneo, fundado no binômio ‘vigiar e punir’, há o ronco surdo de uma batalha a ser

ouvido. “Nessa humanidade central e centralizada, efeito e instrumento de complexas relações

de poder, corpos e forças submetidos por múltiplos dispositivos de “encarceramento”, objetos

para discursos que são eles mesmos elementos dessa estratégia, temos que ouvir o ronco surdo

da batalha” (p. 254).

A leitura deste livro deveria ser, sempre, ‘obrigação’ de todo estudante de Direito. Mas para

além desta espécie, o livro é extremamente elucidativo para melhor compreensão do sistema

organizacional, disciplinar de toda a nossa sociedade. Vigiar e punir há muito já afetaram a

‘alma’, este espaço interior por onde se maquinam as ingerências externas do poder social. Não

último, a interiorização do ‘vigiar e punir’ se evidenciam no fenômeno midiático do

big brother que é mais uma forma sutil de alojar ainda mais profundamente a dupla função de vigiar e ser vigiado.



 

Atividades
 
1 Ao tratar do tema disciplina, Michel Foucault apresenta o conceito corpos dóceis. Levando em consideração as informações apresentadas em seu livro Vigiar e Punir, pode-se afirmar que:

I. A expressão corpos dóceis revela uma condição consciente e livre no processo de disciplinarização
dos indivíduos.
II. É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado.
III. O soldado é utilizado pelo autor como exemplo de docilidade quando ele afirma que o soldado tornou-se algo que se fabrica, ou seja, foi expulso o camponês e lhe foi dada a fisionomia de soldado.
IV. Docilidade se assemelha à escravidão, pois ambas se fundamentam numa relação de apropriação dos corpos.

A) Apenas as assertivas II e III.
B) Apenas a assertiva III.
C) Apenas as assertivas III e IV.
D) Apenas as assertivas I e II.
E) Apenas a assertiva IV.

2.Para Foucault, as sociedades democráticas criaram uma nova forma de exercício de poder. Entretanto, segundo ele: “A ‘invenção’ dessa nova anatomia política não deve ser entendida como uma descoberta súbita. Mas como uma multiplicidade de processos muitas vezes mínimos, de origens diferentes, de localizações esparsas, que se recordam, se repetem, ou se imitam, apoiam-se uns sobre os outros, distinguem-se segundo seu campo de aplicação, entram em convergência e esboçam aos poucos a fachada de um método geral.
Encontramo-los em funcionamento nos colégios, muito cedo; mais tarde nas escolas primárias; investiram lentamente o espaço hospitalar; e em algumas dezenas de anos reestruturam a organização militar. Circularam às vezes muito rápido de um ponto a outro (entre o exército e as escolas técnicas ou os colégios e liceus), às vezes lentamente e de maneira mais discreta (militarização insidiosa das grandes oficinas). A cada vez, ou quase, impuseram-se para responder a exigências de conjuntura: aqui uma inovação industrial, lá a recrudescência de certas doenças epidêmicas, acolá a invenção do fuzil ou as vitórias da Prússia”.
(Vigiar e Punir, p. 118).


Segundo o autor, pode-se afirmar que:
I. A partir do século XVII se desenvolve nas sociedades chamadas democráticas uma nova forma de exercício de poder, no que tange aos modos de punição e disciplina, que se distingue daquela usada nos regimes absolutistas europeus.
II. A partir dos séculos XVII se verifica o crescimento de um modelo de exercício da disciplina que usa como parâmetro os mesmos moldes dos regimes absolutistas, ou seja, a punição direta sobre os corpos como forma de restituição do poder central.
III. A partir do século XVII o poder passa a ser usado como forma de repressão sobre o corpo dos indivíduos a partir de um poder central, aos moldes dos modelos absolutistas.
IV. O modelo do panóptico serve de exemplo de um novo mecanismo de poder no qual se privilegia o controle do tempo, a organização do espaço e o registro continuado da conduta dos indivíduos.
Está(ão) CORRETA(S):


A) Apenas as assertivas II e III.
B) Apenas a assertiva I.
C) Apenas as assertivas I, II e III.
D) Todas as assertivas.
E) Apenas as assertivas I e IV.
3. O pensamento de Michel Foucault exerce influência atualmente em várias áreas do conhecimento humano e da produção científica. Foucault produziu sua obra na segunda metade do século XX, e sobre ela é CORRETO afirmar que
A) sofreu forte influência do positivismo.
B) abordou, de forma praticamente pioneira, temas, como a loucura e a sexualidade.
C) refutou idéias defendidas por Nietzsche no século XIX.
D) desenvolveu propostas levantadas anteriormente por Habermas.
E) encontrou no pragmatismo sua melhor classificação.

4. As obras de Gilles Deleuze e de Michel Foucault estão ligadas à chamada
A) Arqueogenealogia.
B) Psicanálise.
C) Fenomenologia.
D) Hermenêutica.
E) Lingüística.

 



terça-feira, 11 de setembro de 2012


Trabalho na classe: lista de exercícios de Filosofia 1°Ano do Ensino Médio (3° Bimestre)

1.     A respeito das diferentes concepções de ciência e verdade em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa falsa:
a. ( ) Aristóteles considerou a lógica como uma disciplina de preparação (propedêutica) para o melhor desenvolvimento das ciências.
b. (  ) O único ponto de continuidade entre o pensamento platônico e o aristotélico acerca do conhecimento era que ambos consideravam os sentidos como a fonte de toda a confusão (que conduzem à doxa - opinião).
c. ( ) À diferença de Platão, para quem a dialética era o único método válido, Aristóteles distinguia a dialética da analítica. Para ele, a dialética só comprova as opiniões por sua consistência lógica, ao passo que a analítica trabalha de forma dedutiva, a partir de princípios que se apoiam sobre uma observação precisa.
d. ( ) No Órganon, Aristóteles expõe um método positivo para a ciência, que permite considerá-la um saber demonstrável: só se pode chamar de ciência aquilo que é metódico e sistemático, ou seja, lógico
e. ( ) No conjunto de obras que formam o Órganon aparecem primeiramente "Categorias", a seguir "Sobre a interpretação", "Analíticos" (Primeiros e Segundos), "Tópicos" e finalmente "Elencos sofísticos".

2. Segundo a teoria dos silogismos, há quatro tipos de proposições categóricas, que diferem em qualidade e em quantidade, são elas: A, E, I e O.
Assinale a alternativa falsa:
a. ( ) I é subalterna de A.
b. ( ) O é subalterna de E.
c. ( ) I e O são subcontrárias.
d. (  ) A e E são proposições complementares.
e. ( ) A e O, e I e E são proposições contraditórias.

3. Platão lançou mão tanto da ironia quanto da maiêutica socráticas, transformando-as em um procedimento por ele denominado de dialética, o método mais profícuo de aproximação em direção às ideias universais.
Na versão platônica, esse método consiste em:
a. (  ) trabalhar expondo e examinado teses contrárias sobre um mesmo assunto, com o intuito de descobrir qual dentre elas era falsa e deveria portanto ser abandonada em prol da tese verdadeira, que deveria ser mantida.
b. ( ) examinar detidamente as raízes socioeconômicas nas quais as ideias tiveram origem, isto é, trata-se de descobrir as leis fundamentais que definem a forma organizativa dos homens em sociedade para, assim, identificar as teses verdadeiras.
c. ( ) dialogar longamente utilizando técnicas de persuasão ou convencimento - retóricas - com o objetivo de convencer a audiência da veracidade dos argumentos.
d. ( ) estimular o processo de proliferação de ideias férteis através do mecanismo tese (primeira afirmação sobre o ser) - antítese (a negação da afirmação precedente) - síntese (a negação da negação, momento no qual tese e antítese aparecem reformuladas).
e. ( ) defender que a prática da atividade filosófica não pode prescindir da prática do diálogo e que somente através dele seria possível entender a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação.?

4. Segundo Platão, quatro formas ou graus de conhecimento poderiam ser identificados e distinguidos.
Assinale a alternativa onde as quatro formas aparecem hierarquicamente ordenadas.
a. ( ) opinião, intuição intelectual ,crença e raciocínio.
b. ( ) intuição, crença, opinião justificada e raciocínio.
c. (  ) crença, opinião, raciocínio e intuição intelectual.
d. ( ) crença, crença justificada, raciocínio primitivo e raciocínio fundamentado.
e. ( ) crença, opinião justificada, raciocínio e argumento.

5. A primeira classificação geral das ciências foi realizada por Aristóteles, que as dividiu hierarquicamente em três grupos.
Assinale a alternativa que ordena corretamente os tipos, obedecendo ao critério da superioridade-inferioridade:
a. ( ) teoréticas (ou contemplativas), aplicadas (relativas à aplicação prática) e lógicas (relativas às regras do correto raciocínio).
b. ( ) teoréticas puras (ou naturais), teoréticas aplicadas (ou sociais) e páticas (ou da ação humana).
c. ( ) lógicas (relativas às regras do correto raciocínio), teoréticas (ou contemplativas) e práticas (ou da ação humana).
d. (  ) teoréticas (ou contemplativas), práticas (ou da ação humana) e produtivas (ou relativas à fabricação e às técnicas).
e. ( ) lógicas (relativas às regras do correto raciocínio), teoréticas (ou contemplativas) e instrumentais (relativas à fabricação de instrumentos).

6. Leia o argumento abaixo.
- Todos os animais são mortais.
- Alguns répteis são animais.
- Alguns répteis são mortais.
Assinale a alternativa que indica se o argumento é um silogismo válido ou inválido e, se for este o caso, qual regra violou.
a. (  ) Este é um silogismo que atendeu às regras da validade silogística.
b. ( ) O argumento anterior é um silogismo inválido porque o termo "mortais" está distribuído na conclusão, mas não na premissa.
c. ( ) Este silogismo é inválido porque tem duas premissas particulares.
d. ( ) Este silogismo é inválido, porque o termo médio nunca está distribuído, pois em ambas as premissas é predicado.
e. ( ) Este silogismo é inválido porque a conclusão é particular, mas uma das premissas é universal.

7 Existem certas características básicas que diferenciam os argumentos dedutivos dos indutivos.
Analise as características abaixo:
1. A conclusão encerra informação que nem implicitamente estava contida nas premissas.
2. Se todas as premissas forem verdadeiras, a conclusão também será, necessariamente.
3. Toda a informação ou conteúdo factual da conclusão já estava, pelo menos implicitamente, contido nas premissas.
4. Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente - porém não necessariamente - verdadeira.
Assinale a alternativa que relaciona corretamente as características acima ao respectivo tipo de argumento.
a. ( ) 1. dedutivo; 2. dedutivo; 3. indutivo; 4. indutivo.
b. ( ) 1. dedutivo; 2. indutivo; 3. indutivo; 4. dedutivo.
c. ( ) 1. dedutivo; 2. indutivo; 3. dedutivo; 4. indutivo.
d. (  ) 1. indutivo; 2. dedutivo; 3. dedutivo; 4. indutivo.
e. ( ) 1. indutivo; 2. indutivo; 3. dedutivo; 4. dedutivo.

8. Um silogismo é considerado válido apenas se satisfizer todas as regras da validade silogística.
Assinale a alternativa que não corresponde a uma regra silogística.
a. ( ) Um silogismo deve ter exatamente três termos: um termo maior, um menor e um médio.
b. ( ) O termo médio deve aparecer nas duas premissas e jamais na conclusão.
c. ( ) A conclusão não pode conter o termo médio, já que a função deste se esgota na ligação entre os termos maior e menor.
d. ( ) De duas premissas particulares nada poderá ser concluído, pois o termo médio não terá sido tomado em toda a sua extensão.
e. (  ) O termo médio não pode ser tomado em toda a sua extensão nenhuma vez, caso contrário ele não poderia fazer a ligação entre o maior e o menor.

9. Teste a validade do argumento seguinte, utilizando tabelas de verdade.
- O livre-arbítrio é possível ou somos joguetes dos Deuses.
- Se o livre-arbítrio for possível, não somos joguetes dos Deuses.
- Logo, não somos joguetes dos Deuses.
Seja:
P = O livre arbítrio é possível e
Q = Somos joguetes dos Deuses
Assinale a alternativa correta.
a. ( ) A forma dada é inválida porque tanto na circunstância em que P é falsa e Q verdadeira como na circunstância em que tanto P como Q são falsas, a premissa é verdadeira e a conclusão, falsa.
b. ( ) A forma dada é válida, tendo em vista que não há circunstância alguma na qual as premissas sejam verdadeiras e a conclusão, falsa.
c. (  ) O argumento dado é inválido porque na circunstância em que P é falsa e Q verdadeira, as premissas são verdadeiras e a conclusão, falsa.
d. ( ) O argumento dado é inválido porque na circunstância em que Q é falsa e P é verdadeira, as premissas são verdadeiras e a conclusão, falsa.
e. ( ) O argumento dado é inválido porque na circunstância em que Q e P são ambas falsas, as premissas são verdadeiras e a conclusão, falsa.

10. Analise as afirmativas abaixo, com relação aos conceitos de validade, contradição, contingência e satisfatibilidade:
1. Diz-se que uma fórmula A é logicamente válida (ou logicamente verdadeira) se e somente se é verdadeira para todas as interpretações.
2. Uma fórmula A é contraditória (ou logicamente falsa) se e somente se é falsa para qualquer interpretação, ou se e somente se sua negação for logicamente válida.
3. Uma fórmula A é contingente se e somente se ela for verdadeira para algumas interpretações e falsa para outras.
4. Uma fórmula é satisfatível se existe pelo menos uma interpretação, tal que haja uma sequência s de elementos do domínio da interpretação que satisfaça a fórmula dada.
5. Como todas as tautologias são fórmulas válidas, necessariamente teremos que todas as fórmulas válidas precisam ser consideradas tautologias.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 5.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 5.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
d. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 5.
e. (  ) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

11. Com relação à lógica dita clássica, é incorreto afirmar:
a. ( ) O objeto da lógica é a proposição, que é a expressão dos juízos formulados pela razão humana.
b. (  ) A lógica estuda e define as regras do raciocínio correto, porém não é de sua competência estabelecer os princípios que as proposições devem seguir.
c. ( ) Quando se atribui um predicado a um sujeito, temos uma proposição.
d. ( ) O raciocínio lógico se expressa através de proposições conectadas, e essa conexão chama-se silogismo.
e. ( ) Existem determinados princípios que toda proposição e todo silogismo devem seguir para serem considerados verdadeiros.

12. Assinale a alternativa que indica as 3 leis básicas da lógica hoje dita aristotélica.
a. (  ) lei da identidade (A=A), lei da não-contradição - nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo - e a lei do terceiro excluído, segundo a qual A é A ou não é A.
b. ( ) lei da não-contradição - nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo -, a lei do terceiro excluído, segundo a qual A é A ou não é A, e lei da razão suficiente: tudo o que existe tem a sua razão de ser.
c. ( ) lei da identidade (A=A), lei da razão suficiente: tudo o que existe tem a sua razão de ser, e a lei de bivalência, segundo a qual para toda proposição, ela ou a sua negação precisa ser verdadeira.
d. ( ) lei de bivalência, segundo a qual para toda proposição, ela ou a sua negação precisa ser verdadeira, a lei da não-contradição - nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo -, e a lei da causalidade, segundo a qual tudo que ocorre tem uma causa.
e. ( ) lei da não-contradição - nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo, a lei da causalidade, segundo a qual tudo que ocorre tem uma causa, e lei do terceiro excluído, segundo a qual A é A ou não é A.

13. É sabido que várias lógicas modernas ditas não clássicas, ou "heterodoxas" violam algumas das três leis da lógica clássica.
A esse respeito, analise as afirmativas abaixo.
1. Tanto as lógicas paraconsistentes quanto as intuicionistas violam o princípio da razão suficiente.
2. As lógicas paraconsistentes violam a lei da não-contradição.
3. As lógicas intuicionistas violam a lei do terceiro excluído e o princípio da identidade.
4. Lógicas não reflexivas são aquelas lógicas heterodoxas para as quais não vale a lei da identidade. Este é o caso, por exemplo, da lógica quântica.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
d. (  ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
e. ( ) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.

14. Com relação à lógica paraconsistente em comparação com a lógica clássica, podemos afirmar:
1. Toda teoria dedutiva (T) baseada na lógica clássica é inconsistente se, e somente se, é trivial.
2. Uma lógica é dita paraconsistente, se pode ser usada como a lógica subjacente para teorias inconsistentes e triviais, que são chamadas teorias paraconsistentes.
3. Historicamente, o pensamento paraconsistente começa no ocidente com Heráclito de Éfeso. Desde então diversos filósofos (dentre os quais podemos citar Hegel e Marx) têm argumentado que as contradições são fundamentais para a compreensão da realidade.
4. Alguns dos campos mais férteis de aplicações da lógica paraconsistente são o da ciência da computação, da engenharia, da medicina, por exemplo.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
d. (  ) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e. ( ) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

15. Se há um ponto de consenso entre os filósofos e historiadores da lógica, este é a posição eminente que goza Gottlob Frege (1848-1925). Frege é tido como um dos maiores lógicos da modernidade e, indubitavelmente, aquele que mais colaborou para o avanço no campo da lógica matemática.
Sobre suas contribuições, é incorreto afirmar:
a. ( ) Em seu pequeno livro Begriffsschrift aparece pela primeira vez o desenvolvimento axiomático inteiramente formalizado do cálculo sentencial, consistente e completo.
b. ( ) Uma das várias contribuições importantes de Frege abrange também a quantificação de predicados ou de variáveis de classe.
c. ( ) Sua descoberta notável consistiu em mostrar que a aritmética, e com ela boa parte da matemática, podiam ser sistematizadas a partir da lógica.
d. ( ) Frege, ao introduzir quantificadores, axiomas e regras em seu sistema formal, acaba por obter um sistema de cálculo de predicados de primeira ordem, que é completo.
e. (  ) O trabalho de Frege foi muito bem recebido pelos matemáticos da época, que costumavam cometer muitos erros em suas demonstrações e por isso encontraram na sistematização do raciocino matemático um grande auxílio.

16. Em sua obra Crítica da Razão Pura, o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) compara a revolução copernicana com a mudança operada por ele próprio na relação entre sujeito e objeto no processo cognitivo.
Analise as afirmativas abaixo sobre essa "revolução", que Kant teria causado na filosofia.
1. Tanto racionalistas quanto empiristas concentravam-se em questões referentes aos objetos do conhecimento. Kant inverte os termos e coloca a própria razão humana no centro, como ponto de partida do questionamento.
2. Em resposta à controvérsia entre racionalistas e empiristas, que tomavam como centro de suas argumentações a própria razão humana, Kant revoluciona a filosofia tomando como ponto de partida a realidade exterior.
3. O que Kant defendia é que o sujeito possui as condições de possibilidade de conhecer qualquer coisa, ou seja, possui as "regras" através das quais os objetos podem ser reconhecidos.
4. O que o homem pode conhecer é profundamente marcado pela maneira - humana - pela qual conhecemos.
5. As leis do conhecimento, para Kant, estariam nos objetos do mundo, e não no próprio homem.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 5.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d. (  ) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2, 4 e 5.?

17. Durante o século XVIII, quando viveu Kant, o debate em teoria do conhecimento estava dividido entre o empirismo e o racionalismo.
Analise as afirmativas abaixo, a respeito da crítica e da posição kantianas nessa disputa.
1. Para Kant, a ciência é constituída por juízos sintéticos a priori, isto é, por juízos universais nos quais o predicado exprime algo de novo, já contido no sujeito.
2. Racionalistas erraram, segundo a crítica kantiana, pois acreditavam que o conhecimento científico consistiria em juízos sintéticos a posteriori.
3. As concepções empiristas acerca da ciência estariam equivocadas ao identificá-la com os juízos analíticos a priori.
4. Para Kant, o conhecimento não é fruto nem do sujeito, nem do objeto, mas sim da síntese da ação combinada entre ambos.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
b. (  ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
d. ( ) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
e. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.

18. Kant mostrou que a estrutura do pensamento se dá sob a forma de juízos. A partir dessa hipótese, elaborou as doze formas de juízos possíveis, que segundo ele estariam na base de todo processo de entendimento. Essas formas de juízos se classificariam em quatro grupos. Além disso, os juízos também são classificados em três espécies.
Assinale a alternativa incorreta no tocante a estas subdivisões.
a. (  ) Segundo a Qualidade, os juízos seriam Positivos, Negativos ou Neutros.
b. ( ) Quanto à Relação, podem ser Categóricos, Hipotéticos ou Disjuntivos.
c. ( ) Quanto à Espécie, os juízos seriam analíticos, sintéticos a priori e a posteriori.
d. ( ) De acordo com a Quantidade, os juízos podem ser Universais, Particulares ou Singulares.
e. ( ) Quanto à Modalidade, Possíveis (Problemáticos), Reais (Assertórios) ou Necessários (Apodíticos).

19. O falseacionismo foi uma proposta de demarcação científica inovadora em vários aspectos.
Segundo o critério popperiano, é incorreto afirmar:
a. ( ) Resumidamente, o que define o estatuto de cientificidade de uma teoria é a sua capacidade de ser testada e, consequentemente, falseada.
b. ( ) Logicamente, pode-se dizer que o ponto de ruptura entre o critério popperiano e o da concepção herdada baseia-se no fato de que o modus ponens é mais fraco do que o modus tollens.
c. (  ) A teoria psicanalítica de Freud poderá ou não ser classificada como científica, dependendo de sua capacidade de explicar e prever os casos a que se refere.
d. ( ) Em sua formulação original, o marxismo era uma teoria científica; isto é, fazia previsões testáveis como, por exemplo, a da "revolução social vindoura".
e. ( ) Segundo Popper, podem existir teorias puramente tautológicas - ou não empíricas - (como a lógica e a matemática) que também se coadunam com o falseacionismo.

20. Considere a epistemologia popperiana e seu posicionamento acerca da possibilidade de progresso na ciência e analise as afirmativas abaixo.
1. Popper insistiu que, através de testes severos das teorias, os cientistas levam a cabo um processo racional de aproximação da verdade, aumentando de forma progressiva o conhecimento.
2. Sobre progresso científico Popper manteve teses evolucionistas, no seguinte sentido: as melhores teorias são as que vão sendo validadas ao longo da história, por meio da verificação empírica.
3. Preferimos uma teoria à outra, em última instância, porque é mais verossímil, ainda que nunca possamos demonstrar de uma teoria que ela é verdadeira.
4. Não se pode afirmar que Popper acreditasse no progresso cumulativo do conhecimento, pois ao romper com o racionalismo de Descartes e Leibniz, ele defendeu veementemente que não existe método de verificação científica.
5. O aumento do conteúdo empírico das teorias, e o fato de as novas teorias terem de explicar também o que as anteriores explicavam levaram Popper a conceber o progresso científico como uma paulatina aproximação da verdade.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
c. ( ) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
d. (  ) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 5.
e. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2, 4 e 5.

21. O esquema analítico kuhniano (desenvolvido fundamentalmente em sua obra A Estrutura das Revoluções Científicas) defende que a evolução da ciência ocorreria através de uma sucessão de períodos de "ciência normal" esporadicamente rompidos por "revoluções científicas".
Sobre a noção de "paradigma" e seus problemas, é incorreto afirmar:
a. ( ) No pós-escrito à segunda edição de sua obra, Kuhn reconhece ter formulado o conceito de paradigma de maneira ambígua, o reformula e passa a denominá-lo "matriz disciplinar".
b. ( ) É possível entender o conceito de paradigma num sentido global, sociológico, que determina o conjunto de crenças e métodos compartilhados pela comunidade científica.
c. ( ) Em um sentido estrito, o paradigma deve ser entendido como a constelação de exemplos clássicos, compartilhados e aceitos sem questionamentos pela comunidade - os "exemplares".
d. ( ) Somente a consolidação de um paradigma pode caracterizar o empreendimento de uma comunidade como sendo científico. E é o estudo dentro do paradigma constituído o que capacitará o estudioso de uma ciência a se integrar numa comunidade científica.
e. (  ) Segundo Kuhn, a ciência seria o único empreendimento humano que promoveria um acúmulo crescente e linear do conhecimento humano. Acerca desta questão ele não divergia de Popper.

22. Analise o texto abaixo:
"[...] nem a ciência nem o desenvolvimento do conhecimento têm probabilidades de ser compreendidos se a pesquisa [for] vista apenas através das revoluções que produz de vez em quando"(...) "Um olhar cuidadoso dirigido à atividade científica dá a entender que é a ciência normal,onde não ocorrem os tipos de testes de Sir Karl, e não a ciência extraordinária que quase sempre distingue a ciência de outras atividades. A existir um critério de demarcação (entendo que não devemos procurar um critério nítido nem decisivo), só pode estar na parte da ciência que Sir Karl ignora."
Kuhn, "Reflexões sobre meus críticos". In: Lakatos, I.; Musgrave, A. (orgs.), A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix,1979, p. 11.
Identifique as afirmativas abaixo como verdadeiras ( V ) ou falsas ( F ).
A famosa polêmica Popper-Kuhn, brevemente ilustrada no trecho acima, teve como alguns de seus pontos-chave:
( ) Numa situação de crise, a disputa entre o paradigma até então dominante e o candidato a novo não pode ser decidida por critérios unicamente racionais, como queria Popper. Para Kuhn, a substituição da antiga pela nova abordagem assume a natureza de uma conversão quase que religiosa, envolvendo uma mudança-Gestalt.
( ) Em termos kuhnianos, poder-se-ia dizer que Popper entendia e procurava explicar a ciência como um empreendimento em eterna "revolução", o que estaria em total desacordo com o que de fato teria ocorrido nos episódios mais marcantes da história da ciência.
( ) Um dos pontos mais polêmicos da proposta kuhniana foi o fato de ele não ter se preocupado em estabelecer, à risca, uma linha fronteiriça entre ciência e não ciência. Para ele existiriam, no âmago da própria ciência, elementos que são claramente sociológicos, como autoridade, hierarquia e grupos de referência.
( ) A tendência a preservar teorias e torná-las imunes à crítica, que Popper relutantemente aceita como sendo um afastamento da ciência de prática superior, torna-se a norma do comportamento do cientista, na proposta de Kuhn.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
a. (  ) V - V - V - V
b. ( ) V - V - F - F
c. ( ) V - F - V - F
d. ( ) F - V - F - V
e. ( ) F - F - V - V

23. A despeito do fato de nunca ter recebido nenhum treinamento formal em História, Thomas Kuhn conseguiu com seu livro transformar radicalmente tanto a história quanto a filosofia da ciência do século XX. Por isso, não é incomum que sua obra seja considerada como "revolucionária".
Com relação ao antes e depois dessa "revolução kuhniana" na Epistemologia, podemos afirmar:
1. Antes de A Estrutura, tanto o filósofo alemão Rudolf Carnap - um dos mais eminentes membros do Círculo de Viena - quanto Karl Popper afirmavam que o progresso e o êxito da ciência são decorrentes da aquisição de um método próprio, rigoroso, válido para todas as ciências e aplicável independentemente das contingências históricas e culturais.
2. A metodologia do falseacionismo popperiano é evidentemente normativa; ou seja, prescreve o que deve ser a boa prática científica. Esse é mais um ponto de continuidade entre a versão herdada e a concepção de Popper, com o qual Kuhn romperá drasticamente.
3. Seguindo a trilha aberta por Thomas Kuhn, surgiu toda uma tradição de pesquisa que ficou conhecida como a Nova Filosofia da Ciência, reunindo nomes como Karin Knorr-Cetina, Bruno Latour e Steve Woolgar.
4. Depois de Kuhn, ficou patente que a distinção entre linguagem observacional e linguagem teórica não era tão clara quanto se imaginava. Uma das razões para isso é a chamada "impregnação das teorias pelas evidências".
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
b. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
c. (  ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
d. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.



Leia o texto abaixo e responda as questões de número 24, 25 e 26.
"No século XIX, entusiasmada com as ciências e as técnicas, bem como com a Segunda Revolução Industrial, a Filosofia afirmava a confiança plena e total no saber científico e na tecnologia para dominar e controlar a Natureza, a sociedade e os indivíduos. [?] No entanto, no século XX, a Filosofia passou a desconfiar do otimismo científicotecnológico do século anterior em virtude de vários acontecimentos". (CHAUÌ, Marilena. Convite à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2001, p.49-50).

24 Uma marca da desconfiança da filosofia para com o otimismo cientificista foi o aparecimento da noção de razão instrumental, formulada pelos teóricos da Escola de Frankfurt. Sobre razão instrumental é possível afirmar:
A) Refere-se aos instrumentos usados pela razão para encontrar as explicações mágicas do mundo.
B) Trata-se do exercício da racionalidade científica, que tem por empresa o domínio da natureza para fins lucrativos e coloca a técnica e a ciência em função do capital.
C) Corresponde à maneira através da qual os filósofos Adorno, Horkheimer e Marcuse descreveram a racionalidade ocidental como instrumentalização da emoção.
D) Defende as ideias de progresso técnico e neutralidade científica como elementos que resguardam a positividade da ciência.
E) Os filósofos da Escola de Frankfurt afirmam que a razão instrumental reflete sobre as contradições e os conflitos políticos e sociais, fato que fez com que eles ficassem conhecidos como os filósofos da Teoria Crítica.

25 Assinale a alternativa que NÃO corresponde aos fundamentos da ciência contemporânea:
A) Noção de método como conjunto de regras, normas e procedimentos gerais, a fim de definir o objeto e para a orientação do pensamento durante a investigação e, posteriormente, para a confirmação ou refutação dos resultados encontrados.
B) As leis científicas definem seus objetos conforme sistemas complexos de relações necessárias de causalidade, complementaridade, inclusão e exclusão, objetivando o caráter necessário do objeto e o afastamento do contingencial.
C) Distinção entre sujeito e objeto do conhecimento, que permite estabelecer a ideia de subjetividade, isto é, de dependência dos fenômenos em relação ao sujeito que conhece e age.
D) A ideia de método pressupõe a adequação do pensamento a certos princípios lógicos universalmente válidos, dos quais dependem o conhecimento da verdade e a exclusão do falso.
E) O objeto científico é submetido à análise e à síntese, que descrevem fatos verificados ou constroem a própria objetividade como um campo de relações internas necessárias, isto é, uma estrutura que pode ser conhecida em seus elementos, propriedades, funções e formas de permanência ou de mudança.

26 Embora o ideal cientificista tenha seu ápice entre os séculos XVIII e XIX, a ciência moderna tem como alicerce as revoluções científicas do século XVII, que, segundo Alexandre Koyré, em Do mundo fechado ao universo infinito (São Paulo/Rio de Janeiro: EDUSP/Forense Universitária, 1979, p.14), promoveram "a completa desvalorização do ser, o divórcio do mundo do valor e do mundo dos fatos". Isso teve grande ressonância para a metafísica e para a filosofia em geral. Assinale, então, a alternativa abaixo que NÃO corresponde ao influxo das revoluções científicas sobre a filosofia:
A) Secularização da consciência, afastamento de metas transcendentes para objetivos imanentes, isto é, a substituição da preocupação com o outro mundo e com a outra vida, pela preocupação com esta vida e este mundo.
B) A descoberta, pela consciência humana, de sua subjetividade essencial e, por conseguinte, a substituição do subjetivismo dos medievos e dos antigos pelo subjetivismo dos modernos.
C) A mudança da relação entre theoria e práxis, o ideal de vita contemplativa dando lugar ao da vita activa. Enquanto o homem medieval e o antigo visavam a pura contemplação da natureza e do ser, o moderno deseja a dominação e subjugação.
D) Há, no século XVII, uma ruptura de paradigmas em que os predominantes teocentrismo e geocentrismo são abalados, perdendo paulatinamente o status de justificação do homem e do mundo, e dando lugar às perspectivas antropocêntrica e heliocêntrica.
E) A ciência exclui todas as considerações a respeito do valor, da perfeição, do sentido e do fim, ou seja, as causas formais e finais não servem para seus enunciados, como servem à filosofia; apenas as causas eficientes são utilizadas nas explicações científicas.

27 Considere os seguintes enunciados a respeito da estruturação das revoluções científicas de Thomas Kuhn:
I Uma determinada atividade com pretensões ao conhecimento atinge a fase paradigmática quando para de haver debate em torno de princípios. As diversas escolas que estudam determinado conjunto de fenômenos concordam com ser o enfoque de uma delas o mais promissor.
II Antes de haver acordo, o que existe é um debate desorganizado entre diferentes escolas, partidárias de diferentes fundamentos, baseados em diferentes ontologias e que enfocam um mal definido conjunto de problemas, cada uma à sua maneira.
III Durante o debate enunciado no item anterior, algumas escolas de pensamento começam a ganhar adeptos, o que sufoca as tradições rivais. A partir daí, o paradigma da escola vencedora ganha aceitação geral e passa a ser base de toda a tradição de estudo naquele campo.
IV Depois disso, pode haver generalização, isto é, cada grupo de cientistas pode se dedicar a determinado conjunto de fenômenos, com diferentes grupos estudando os mesmos fenômenos, respectivos ao paradigma adotado.
V O que importa é todos os grupos admitirem uma ontologia comum e, mesmo estudando fenômenos diferentes, concordarem com que estes sejam manifestações das entidades catalogadas naquela ontologia aceita por todos.
Assinale a alternativa que corresponde à combinação exata dos itens verdadeiros:
A) I, II, III e IV.
B) II, III, IV e V.
C) Apenas I e II.
D) III, IV e V.
E) I, II, III e V.

28 O filósofo que postulou a falseabilidade como critério da avaliação das teorias científicas foi:
A) Karl Popper.
B) Imre Lakatos.
C) Ludwig Wittgenstein.
D) Thomas Kuhn.
E) Francis Bacon.

29 Em 1971, o filósofo estadunidense John Rawls publica A Theory of Justice, obra na qual apresenta sua teoria da justiça como equidade. A década de 1980 ambientou o surgimento da corrente do comunitarismo, que se contrapôs à perspectiva de orientação liberal de Hawls. Leia o texto abaixo:
"Para os comunitaristas, os liberais (universalistas) estariam simplesmente preocupados com a questão de como estabelecer princípios de justiça que poderiam determinar a submissão voluntária de todos os indivíduos racionais, mesmo de pessoas com visões diferentes sobre a vida boa. O que se estabelece como crítica é que, para os comunitaristas, os princípios morais só podem ser tematizados a partir de sociedades reais, a partir das práticas que prevalecem nas sociedades reais. Para eles, em John Rawls, encontram-se premissas abstratas de base como a liberdade e a igualdade que orientam (ou devem orientar) as práticas legítimas. A questão colocada é que, na interpretação comunitarista, a prática tem precedência sobre a teoria, e não seria plausível que pessoas que vivem em sociedades reais identifiquem princípios abstratos para sua existência. A crítica comunitarista aponta como insuficiente a tentativa de identificar princípios abstratos de moralidade através dos quais sejam avaliadas as sociedades existentes. A questão-chave é a negação de princípios universais de justiça que possam ser descobertos pela razão, pois, em sua avaliação, as bases da moral não são encontradas na filosofia, e, sim, na política". (SILVEIRA, Denis Coitinho. "TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS: ENTRE O LIBERALISMO E O COMUNITARISMO". In:Trans/Form/Ação, São Paulo, 30(1): 169-190, 2007).
De acordo com o texto e com seus conhecimentos, assinale a alternativa que NÃO corresponde à crítica comunitarista à teoria da justiça de Hawls:
A) Opera com uma concepção abstrata de pessoa que é consequência do modelo de representação da posição original sob o véu da ignorância.
B) Utiliza princípios universais (deontológicos) com a pretensão de aplicação em todas as sociedades, criando uma supremacia dos direitos individuais em relação aos direitos coletivos.
C) Utiliza a ideia de um Estado neutro em relação aos valores morais, garantindo apenas a autonomia privada (liberdade dos modernos) e não a autonomia pública (liberdade dos antigos), estando circunscrita a um subjetivismo ético liberal.
D) Hawls, embora liberal, aproxima-se do marxismo, tendo apenas nas suas obras mais maduras uma veia materialista que olha para as comunidades reais.
E) É uma teoria deontológica e procedimental, que utiliza uma concepção ética antiperfeccionista, estabelecendo uma prioridade absoluta do justo em relação ao bem.

30 Sobre Wittgenstein e sua Filosofia é correto afirmar:
A) Defende que a tarefa da crítica consiste em examinar os limites da razão teórica e estabelecer os critérios do conhecimento legítimo.
B) É o responsável pela superação do aristotelismo e pelo advento do conceito moderno de ciência.
C) É considerado o iniciador da corrente filosófica conhecida como Filosofia Analítica, que tem como interesse a investigação acerca das formas e dos modos de funcionamento da linguagem.
D) A sua obra Tractatus Logicus Philosophicus versa sobre a relação entre forma lógica da linguagem e a sua relação com o divino.
E) Estabeleceu a dúvida hiperbólica acerca da veracidade das coisas que nos são apresentadas como verdadeiras.

31 Observe o fragmento abaixo:
"[...] efetuou uma primeira tentativa de articulação que ele denominou uma teoria da competência comunicativa, em que são mediados elementos da filosofia transcendental moderna e elementos provenientes da linguística e da filosofia da linguagem para fundamentar o ponto de partida de uma teoria crítica da sociedade". (OLIVEIRA, Manfredo Araújo. Reviravolta Linguística-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo: Loyola, 1996, p.293)
Pode-se afirmar que ele se refere às ideias do filósofo:
A) J. Austin.
B) L. Wittgenstein.
C) N. Chomsky.
D) J. Habermas.
E) I. Lakatos.

32 Assinale a alternativa que corresponde à correta conclusão do silogismo abaixo:
Todo tic é tac.
Ora, algum toc é tic.
Logo, ...
A) Todo toc é tac.
B) Algum toc é tac.
C) Algum tic é toc.
D) Algum tac é toc.
E) Todo tic é toc.

33 Analise o silogismo e responda a questão a seguir:
Todas as baleias são mamíferos.
Ora, alguns animais são baleias.
Logo, alguns animais são mamíferos.
De acordo com a caracterização dos termos (maior=T, menor=t, e médio=M), assinale a alternativa correta:
A) Baleias é T.
B) Animais é M.
C) Mamíferos é t.
D) Animais e mamíferos são M e T, respectivamente.
E) Baleias é M.

34 Considere as seguintes regras do silogismo categórico:
I Todo silogismo contém somente três termos: maior, médio e menor;
II Os termos na conclusão não podem ter extensão maior do que nas premissas;
III O termo médio não pode entrar na conclusão;
IV O termo médio deve ser universal ao menos uma vez;
V De duas premissas negativas, nada se conclui;
VI De duas premissas afirmativas não pode haver conclusão negativa;
VII A conclusão segue sempre a premissa mais fraca;
VIII De duas premissas particulares, nada se conclui.
Agora, analise o silogismo abaixo:
Nenhum ser é perfeito.
Ora, o vácuo não é ser.
Logo, o vácuo não é perfeito
Qual das regras não é obedecida, caracterizando a invalidade do silogismo.
A) V.
B) III.
C) I.
D) VI.
E) VII.

35 Leia o texto abaixo, que trata do conceito ético de responsabilidade:
"[...] devo ser considerado responsável por algo que não fiz, e a razão para a minha responsabilidade deve ser o fato de que eu pertenço a um grupo (um coletivo), o que nenhum ato voluntário meu pode dissolver [...] somos sempre considerados responsáveis pelos pecados de nossos pais, assim como colhemos as recompensas de seus méritos".
(ARENDT, Hannah. Responsabilidade e julgamento. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p.216-217).
Assinale a alternativa que pode ser considerada INCORRETA, enquanto interpretação do excerto acima:
A) A responsabilidade é coletiva, enquanto a culpa é individual.
B) A experiência totalitária do nazismo deve ser encarada como responsabilidade de todos, não cabendo às gerações posteriores se eximirem da responsabilidade pelo mundo, cabendo a todos o papel de salvaguardar o mundo dos terrores totalitários, mesmo que não tenham nenhuma culpa (afinal nem eram nascidos) por tais crimes contra a humanidade.
C) No momento em que o candidato que responde a esta prova assinala uma alternativa, há na mesma cidade uma criança sofrendo maus-tratos de um pai violento. O candidato não tem nenhuma culpa da dor dessa criança, mas deve assumir sua co-responsabilidade por esse acontecimento.
D) Hannah Arendt adere à perspectiva moderna de uma ética da responsabilidade individual e inalienável.
E) A liberdade não pode estar à margem da responsabilidade, pois se nenhum ato voluntário pode dissolver o pertencimento de um indivíduo ao grupo, a responsabilidade passa a ser condição da ação livre.

36 Para Marilena Chauí:
"Do ponto de vista da Filosofia, podemos falar em dois grandes momentos de teorização da arte. No primeiro, inaugurado por Platão e Aristóteles, a Filosofia trata as artes sob a forma da poética; no segundo, a partir do século XVIII, sob a forma da estética." (CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. 7.ed. São Paulo: Ática, 2001, p. 321).
A partir do enunciado em questão é INCORRETO afirmar que:
A) O termo arte poética deriva de uma obra de Aristóteles sobre as artes da fala e da escrita, do canto e da dança.
B) A arte poética se preocupa com as obras de arte como fabricação de seres e gestos artificiais, ou seja, elaborados pelos seres humanos.
C) O termo estética vem do grego aesthesis, que significa conhecimento sensorial, experiência, sensibilidade. Em sua acepção original, referia-se ao estudo das obras de arte enquanto criações da sensibilidade, tendo como fim o belo.
D) Após seu surgimento, o termo estética vai substituindo a ideia de arte poética passando a se referir a toda investigação filosófica que tenha por objeto as artes.
E) Para a Estética, a arte é produto da racionalidade e da formulação lógica do artista e que, dessa forma, o belo é igual ao verdadeiro.

37 Leia o texto abaixo e assinale o filósofo da primeira geração do Pragmatismo e representante da Escola Nova que é responsável por esta célebre definição de educação:
"A ideia do desenvolvimento dá em resultado a concepção de que a educação é um constante reorganizar ou reconstruir de nossa experiência. Ela tem sempre um fim imediato, e, na proporção em que a atividade for educativa, ela atingirá esse fim - que é a transformação direta da qualidade da experiência"
A) Charles Peirce.
B) Willian James.
C) John Dewey.
D) John Rawls.
E) Richard Rorty.

38 Ficou marcado, na história dos debates sobre ensino de filosofia, o dilema de o ato de ensinar filosofia ser ou não igualmente filosofar, ou se é um recurso pedagógico inferior, destituído do problema filosófico, ficando a cargo de pesquisadores em filosofia o ato da problematização essencialmente filosófica. Há estudiosos, entretanto, que consideram o ensino de filosofia como problema filosófico, na medida que:
A) Resta ao filósofo, sobretudo no Brasil, a docência como opção profissional.
B) São os professores de filosofia do ensino médio os primeiros a divulgar o conhecimento filosófico de maneira sistemática.
C) Todos os adolescentes são curiosos por natureza, o que faz de qualquer tentativa de ensino um trabalho primário com o processo do filosofar.
D) O ensino de filosofia consiste numa intervenção filosófica sobre textos filosóficos, problemáticas filosóficas tradicionais, ou temáticas não filosóficas abordadas filosoficamente.
E) Desenvolve estratégias didáticas diversificadas, sempre partindo da realidade do aluno, fazendo com que ele pense filosoficamente sem dar-se conta de que está lidando filosoficamente com o cotidiano.

39 Na Crítica da Razão Pura, Kant inova introduzindo um novo tipo de juízo, basilar para a sua epistemologia. Acerca dos juízos, é possível afirmar:
A) Os juízos sintéticos a posteriori ocorre quando o predicado B ocorre no sujeito A.
B) Os juízos analíticos a priori ocorrem quando o predicado B está fora do conceito do sujeito A, embora estejam ligados.
C) O juízo sintético a priori é necessário e universal, como os analíticos, e amplitativos, como os sintéticos.
D) Os juízos analíticos a priori são logicamente contingenciais.
E) O juízo sintético a priori é sempre dependente da experiência.

40 "O interesse pela consciência reflexiva ou pelo sujeito do conhecimento deu surgimento a uma corrente filosófica conhecida como fenomenologia, iniciada pelo filósofo alemão Edmund Husserl." (CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. 7.ed. São Paulo: Ática, 2001).
Sobre a fenomenologia, é correto afirmar que:
A) Considera a razão uma estrutura da consciência, mas cujos conteúdos são produzidos por ela mesma, independentemente da experiência.
B) Para Husserl, o que chamamos de "mundo" ou "realidade" é um conjunto de coisas e pessoas, animais e vegetais.
C) A razão é "doadora do sentido", mas ela não "constitui a realidade" enquanto sistemas de significações que dependem da estrutura externa à consciência.
D) As significações são pessoais, psicológicas, sociais e nunca universais e necessárias.
E) Admite que as formas e os conteúdos da razão mudem no tempo e com o tempo.

41 Considere as seguintes definições sobre campos próprios da reflexão filosófica:
I Conhecimento das formas gerais e regras gerais do pensamento correto e verdadeiro, independentemente dos conteúdos pensados.
II Análise crítica das ciências, tanto as ciências exatas ou matemáticas, quanto as naturais e as humanas;
III A linguagem como manifestação da humanidade do homem; signos, significações; a comunicação; passagem da linguagem oral à escrita, da linguagem cotidiana à filosófica, à literária, à científica; diferentes modalidades de linguagem como diferentes formas de expressão e de comunicação;
As definições I, II e III referem-se respectivamente a:
A) Metafísica, lógica e estética.
B) Lógica, epistemologia e filosofia da linguagem.
C) Epistemologia, lógica e filosofia da linguagem.
D) Ética, metafísica e epistemologia.
E) Filosofia da história, filosofia política e filosofia da arte.

42 O filósofo alemão Karl Marx, na busca de um caminho epistemológico que fundamentasse o conhecimento para a interpretação da realidade histórica e social que o desafiava no século XIX, superou posições que diziam respeito à dialética hegeliana e conferiu-lhe um caráter materialista e histórico.
Pode-se afirmar que a única alternativa que NÃO corresponde ao materialismo histórico é:
A) É a consciência dos homens que determina o seu ser; Não é o seu ser social que, inversamente, determina sua consciência.
B) O conjunto das relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social.
C) O modo de reprodução de vida material determina o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral.
D) Defende que a História não é um progresso linear e contínuo, mas um processo de transformações sociais determinadas pelas contradições entre os meios de produção e as forças produtivas.
E) A luta de classes exprime as contradições sociais, sendo o motor da História.

43 Leia o texto abaixo:
"Nesse contexto, as artes vão buscar um naturalismo crescente, mantendo estreita ligação com a ciência empírica que desponta na época e fazendo uso de todas as suas descobertas e elaborações em busca do ilusionismo visual. A perspectiva científica, a teoria matemática das proporções [...], as conquistas da astronomia, da botânica, da fisiologia e da anatomia são incorporadas às artes" (ARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: Introdução à filosofia. 3.ed. rev. São Paulo: Moderna, 2003. p. 394).
Assinale a concepção estética à qual o texto se refere:
A) Naturalismo Grego.
B) Naturalismo Renascentista.
C) Romantismo.
D) Estética Normativa.
E) Pós-Modernismo.



 

GABARITO:

1B, 2D, 3A, 4C, 5D, 6A, 7D, 8E, 9C, 10,E, 11B, 12A, 13D, 14D, 15E, 16D, 17B, 18A, 19C, 20D, 21E, 22A, 23C, 24 B, 25 C, 26 B, 27 E, 28 A, 29 D, 30 C, 31 D, 32 B, 33 E, 34 A, 35 D, 36 E, 37 C, 38 D, 39 C,40 A,
41B, 42A, 43B,